operária

quem é essa

que me amarga os olhos

que da carne fogem os ossos

dos passos tropeça a hora,

que da boca saliva o encalço

de mãos atadas à história?

quem é essa

que nos dias se perde da sombra

das noites, finda mulher e ronda

e ainda seca da cama, amanhece

por ternura a seu cantar?

quem é essa

por quais gemem os muros

correntes, pedras e murros

desbotando os homens

da cólera do pesar?

quem é essa por qual

chora o verdugo, os clarões

os Papas e os miúdos

das roupas e abusos

e ainda insiste em passar?

quem é essa

que desabotoa da terra

as cercas e as vestes da 'Besta'

que a posse finda

por tanto matar?

quem é essa?

Jeronimo Collares
Enviado por Jeronimo Collares em 02/02/2019
Código do texto: T6565653
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