operária
quem é essa
que me amarga os olhos
que da carne fogem os ossos
dos passos tropeça a hora,
que da boca saliva o encalço
de mãos atadas à história?
quem é essa
que nos dias se perde da sombra
das noites, finda mulher e ronda
e ainda seca da cama, amanhece
por ternura a seu cantar?
quem é essa
por quais gemem os muros
correntes, pedras e murros
desbotando os homens
da cólera do pesar?
quem é essa por qual
chora o verdugo, os clarões
os Papas e os miúdos
das roupas e abusos
e ainda insiste em passar?
quem é essa
que desabotoa da terra
as cercas e as vestes da 'Besta'
que a posse finda
por tanto matar?
quem é essa?