Brumadinho.
Rio, 29.01.2019.
Brumadinho.
Quanto VALE a vida
Que é levada num VALE de lama?
Será crime ou acidente o trauma,
Que nos faz prender a respiração,
Nesse VALE de lágrimas?
E a ferida que sangra na alma
Do povo guerreiro, mineiro...
Será que tem cura?
Em meio a dor e a bravura,
Um país interio atolado
Numa lama ainda mais impura.
O quanto espessa e escura
Ainda pode torna-se nossa conduta?
A ganância espúria
Que faz da rotina do cidadão
Brasileiro uma penúria.
A mídia não fala mais de
Outro assunto, a morte, o resgate,
O luto. E pros que aqui
sofrem segue a luta.
A tragédia impacta e nos
põe em estado de choque,
mas também gera hibope.
Repercutiu, todo mundo viu,
quinhentos anos depois,
Que destino mais hostil,
as lágrimas de sal de Portugal,
se converteram em
lágrimas de lama no Brasil.
Ninguém consegue mensurar a dor:
A mãe que pede oração pela vida do filho,
A esposa que chora a morte do marido.
Em Brasília dezenove horas,
Por lá a lama também segue o seu curso
E na câmara segue o demagógico discurso,
E um abismo enorme segue
Entre a fala e a prática.
Quanto VALE a vida
Que é levada num VALE de lama?
Será crime ou acidente o trauma,
Que nos faz prender a respiração,
Nesse VALE de lágrimas?
Clayton Márcio