FALANDO DE AMOR
Eu diria Maria
que tua vida e a minha
é um caminho sem beco
uma rua de muro seco,
baixo, inútil pra se esconder.
Eu diria que não tem saída
ou pulamos o muro
e continuamos a vida
ou nos prostramos no chão!
Se eu pudesse, pediria que pulasse
e não olhasse para trás...
Que fosses aos confins do mundo
e visse por nós dois
as belezas que vejo somente em sonhos.
Eu não poderia ir contigo
nessa aventura tão minha,
para ver os mares de além mar,
para sentir os cheiros das matas,
o ar rarefeito dos montes,
as pedras das praias de pedras
e a imensidão noturna das estrelas.
Se eu pudesse...
Sabes bem o que faria:
apagaria todo um passado de fado
fardo, cansaço...
Te envolveria em meus braços
seguraria tuas mãos
e nunca mais a soltaria...
Se eu pudesse...
Não posso!
Me encontro contigo no fim da estrada
numa rua sem saída.
Apesar do muro baixo
não é prudente passar.
É que do lado de cá ele é apenas muro
do lado de lá, um precipício.
Segura bem forte a minha mão
e fiquemos prostrados no chão
feito sementes lançadas,
até virarmos cerca viva.