FALANDO DE AMOR

Eu diria Maria

que tua vida e a minha

é um caminho sem beco

uma rua de muro seco,

baixo, inútil pra se esconder.

Eu diria que não tem saída

ou pulamos o muro

e continuamos a vida

ou nos prostramos no chão!

Se eu pudesse, pediria que pulasse

e não olhasse para trás...

Que fosses aos confins do mundo

e visse por nós dois

as belezas que vejo somente em sonhos.

Eu não poderia ir contigo

nessa aventura tão minha,

para ver os mares de além mar,

para sentir os cheiros das matas,

o ar rarefeito dos montes,

as pedras das praias de pedras

e a imensidão noturna das estrelas.

Se eu pudesse...

Sabes bem o que faria:

apagaria todo um passado de fado

fardo, cansaço...

Te envolveria em meus braços

seguraria tuas mãos

e nunca mais a soltaria...

Se eu pudesse...

Não posso!

Me encontro contigo no fim da estrada

numa rua sem saída.

Apesar do muro baixo

não é prudente passar.

É que do lado de cá ele é apenas muro

do lado de lá, um precipício.

Segura bem forte a minha mão

e fiquemos prostrados no chão

feito sementes lançadas,

até virarmos cerca viva.

Lobo do cerrado
Enviado por Lobo do cerrado em 14/01/2019
Reeditado em 31/07/2021
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