Os Miseráveis

Vou começa dizendo/

Algo até se transformar na forma/

A luz de sua própria escuridão/

Num quarto do seu momento/

Alguém da minha rua/

Mais jovem do que eu/

Se matou/

A luz do meu quarto/

Fiquei a pensar/

De quem é o direito/

Dádiva de nascer/

De criar/

De viver/

O que nos faz perfeito/

Se imperfeito é essa perfeição, que a gente tanto luta pra encontrar/

A vida toda procuramos um padrão/

Para impor a mesa/

De nossos filhos/

De nossa realidade/

Olhamos o mundo com maldade/

Vivemos nos dizendo civilidade/

Mas só aceitamos pessoas como nós/

Isto é, na qualidade de pensarmos perfeito/

Somos uma hipocrisia/

Porque nem sabemos, ou melhor, nem queremos nos compreender/

Vejamos uma flor/

A terra como uma joia azul/

A água que se mistura ao nosso corpo/

A beleza e a riqueza são distantes de nós pelo vazio/

Mesmo sem realmente entender das diferenças/

Queremos ser iguais/

Queremos ser puros/

Queremos ser tantos e tanta coisa/

Se nem sabemos ainda transpor os muros/

Às vezes, caminho nesse mundo/

Vejo as exposições/

Os palácios, carros e situações/

A noite, quando se vaga nas ruas/

Entre uma esquina e outra/

Ao ar livre e sem nada/

Mendigos em suas misérias dividem sorrindo as suas situações/

Me pergunto, se viver é uma satisfação/

Porque uns tiram de si a fração/

Outros tiveram ou tem opção/

Mas fazem as escolhas erradas/

E outros, sem noção seguem na estrada/

Quem é a razão/

Sem qualquer opinião, vale dizer que você sempre prescindirá/

O passado, que só volta pela lembrança/

O presente pela esperança de recomeçar/

E o futuro, que é você, quem dá o primeiro passo/

Adiante, se fores ou te julgares ateu/

Vale então dizer, que o universo ou o destino seguirá o compasso/

Embora o sol da manhã e os pássaros/

Versando em verbos inigualáveis/

Tão simples, como as nuvens que trafegam os nossos olhos/

Sob as mesmas fardas/

Sob todas as dificuldades/

Não cansem jamais de dizer/

Eu te amo/

Pois tudo foi feito/

Perfeito pra você só viver/

Então meu caro/

Seja humilde e só agradeça/

Pois torna-se escravo e infeliz, quem nesse mundo quer ser dono.