Fora de órbita

Eu tive vossos corações em minhas mãos,

Dispus meu tempo, desafiei o medo, ouvi nãos,

Reinventei algumas de minhas práticas, foi em vão

O meu desejo vil, as certezas dissolvidas no tempo.

Os fins antecipados, as despedidas, a saudade

O nó na garganta, a voz embargada, a lágrima presa,

Sob o corpo, a alma, para além da alma eu

Eu fora de mim, fora de onde deveria estar,

Fora de órbita por onde hoje eu passar.

O ser desprezível que sou inunda teus sorrisos,

Minha invisibilidade atravessa o teu caminho,

Mas não percebes as qualidades que me compõe,

Nem os erros que me distanciam de ti,

Fora de órbita nada faz sentido pra mim.

O deslocamento do tu em mim perdeu o sentido,

O mim fora do corpo, o tu que partiste e tu sendo eu

Eu fora do meu corpo és tu

Tu fora de mim sou eu fora de órbita.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 01/11/2018
Reeditado em 01/11/2018
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