O cálice e o grito

Mãe d'África, mais uma vez te deram o cálice,

Não sabias se bebias em silêncio,

Ou se gritavas as dores do teu povo,

Eu de mãos atadas e nu corpo ,

Ponho-me em silêncio para ouvir tuas dores.

O cale-se que querem te impor não me representa,

Eu não sou o que degrine e desmerece tua imagem,

Eu sou semelhante a ti, negro e favelado

Vivi muito tempo calado, grito agora pro mundo ouvir.

As tuas lutas foram tão minhas, mãe d'África

Que não cabe em mim a tua dor,

Tu, que desde Cabral me alimentas,

Eles julgam tua vida pequena,

Sem valor por conta da tua cor,

Eu me olho ao espelho, te vejo,

Hoje eu perdi foi medo,

Sou fruto do teu nome e do AMOR.

És mãe Negra, senzala, és guerreira

Tua dor não cabe no poema, nem nos olhos de quem te alimenta,

O racismo, facismo, que foi traidor

Tua alma não era pequena,

Pra caber tão assim no poema

És guerreira e me representas, vou contigo por onde tu for.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 27/10/2018
Reeditado em 27/10/2018
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