Vão

Toda sexta-feira perco o controle de mim,

Não consigo encontrar uma metade do que sou,

Nem reconheço que 'inda há de ter fim,

Quando voo sob as asas de um beija-flor.

Rego as sementes que destoa de mim,

No vago desejo que ficou pro fim,

A eterna esperança, nosso senhor do Bonfim,

E uma perene saudade de quando te foste de mim.

Quem há de ser e com o vento esconder,

As dores que em mim se entranhou,

No aconchego do amor,

A mordaça espantou, o profano desejo

Que de mim brotou.

E entre sorrisos e feridas,

Nunca esqueça da vida,

Que dentro de mim brotou,

E o malfeito que deveras sentir,

Apagou o desejo que te mantinha aqui.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 27/10/2018
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