Vão
Toda sexta-feira perco o controle de mim,
Não consigo encontrar uma metade do que sou,
Nem reconheço que 'inda há de ter fim,
Quando voo sob as asas de um beija-flor.
Rego as sementes que destoa de mim,
No vago desejo que ficou pro fim,
A eterna esperança, nosso senhor do Bonfim,
E uma perene saudade de quando te foste de mim.
Quem há de ser e com o vento esconder,
As dores que em mim se entranhou,
No aconchego do amor,
A mordaça espantou, o profano desejo
Que de mim brotou.
E entre sorrisos e feridas,
Nunca esqueça da vida,
Que dentro de mim brotou,
E o malfeito que deveras sentir,
Apagou o desejo que te mantinha aqui.