Mãe preta
Era manhã pioneira, criança sorrindo, faceira
Não sabia do fardo que iria carregar,
Menina a da pele guerreira, Negra, quase feiticeira,
Enfeitiça em apenas olhar.
Carrega na pele seu fardo, esconde da voz o embargo,
Nunca deixa de acreditar que um dia 'inda pode sonhar,
Menina da pele bonita, carrega na alma ferida,
O desprezo que jorra na vida, preconceitos que a incriminam
Mas não perde a essência, nem a verdade do olhar.
'Inda é apenas uma criança de quatro ele tirou a esperança,
Dos seus sonhos a realizar,
Gritou alto com o peito estufado: EU SOU MAIS DO QIE UM SOLDADO,
Luto e creio que a liberdade virá,
Mas enquanto a liberdade não chega,
Negra, pobre, mulher e guerreira
O sol um dia eu hei de encontrar.
E quando não houver esperanças,
Os meus lábios aqui 'inda cantam,
Minha pele não há de mudar, pois nela trago toda minha história
E não é todo mundo que gosta de ver o negro a brilhar.