Mãe preta

Era manhã pioneira, criança sorrindo, faceira

Não sabia do fardo que iria carregar,

Menina a da pele guerreira, Negra, quase feiticeira,

Enfeitiça em apenas olhar.

Carrega na pele seu fardo, esconde da voz o embargo,

Nunca deixa de acreditar que um dia 'inda pode sonhar,

Menina da pele bonita, carrega na alma ferida,

O desprezo que jorra na vida, preconceitos que a incriminam

Mas não perde a essência, nem a verdade do olhar.

'Inda é apenas uma criança de quatro ele tirou a esperança,

Dos seus sonhos a realizar,

Gritou alto com o peito estufado: EU SOU MAIS DO QIE UM SOLDADO,

Luto e creio que a liberdade virá,

Mas enquanto a liberdade não chega,

Negra, pobre, mulher e guerreira

O sol um dia eu hei de encontrar.

E quando não houver esperanças,

Os meus lábios aqui 'inda cantam,

Minha pele não há de mudar, pois nela trago toda minha história

E não é todo mundo que gosta de ver o negro a brilhar.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 24/10/2018
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