Leviatã
A boca de milhões de dentes de um monstro
É construída pelo sorriso sincero de suas preias,
Os imensos braços que as esmagam
Hipertrofiaram com abraços inocentes
De sujeitos de ato contínuo
E razão exilada na terra do amanhã,
A esperança só é imortal na história
Porque tem drenado a vida
De todos que se alimentam dela,
E assim consolamos a miséria de cada dia
Na insensatez de sermos felizes amanhã
Enquanto nos preocupamos hoje
Se nossa sede de sangue será legalizada,
Pois tudo sempre se trata de sangue,
Sangue sagrado derramado para salvar
O banho de sangue que causamos
Com o desejo do coração que pulsa
E funda seu espírito no sangue;
A fé está sendo creditada
Na capacidade que todos tem
De identificar as víboras do mundo
E escolher o veneno menos letal,
Mas quem muito identifica as víboras do mundo
Acaba ficando com o rosto da Górgona,
Todos fogem do espelho por sobrevivência
E essa negligência reflete simulacros
Tirados de si mesmo para erigir
Uma estátua enorme e monstruosa
Que ganhará vida e nos engolirá
Com nosso próprio medo e fome.