Leviatã

A boca de milhões de dentes de um monstro

É construída pelo sorriso sincero de suas preias,

Os imensos braços que as esmagam

Hipertrofiaram com abraços inocentes

De sujeitos de ato contínuo

E razão exilada na terra do amanhã,

A esperança só é imortal na história

Porque tem drenado a vida

De todos que se alimentam dela,

E assim consolamos a miséria de cada dia

Na insensatez de sermos felizes amanhã

Enquanto nos preocupamos hoje

Se nossa sede de sangue será legalizada,

Pois tudo sempre se trata de sangue,

Sangue sagrado derramado para salvar

O banho de sangue que causamos

Com o desejo do coração que pulsa

E funda seu espírito no sangue;

A fé está sendo creditada

Na capacidade que todos tem

De identificar as víboras do mundo

E escolher o veneno menos letal,

Mas quem muito identifica as víboras do mundo

Acaba ficando com o rosto da Górgona,

Todos fogem do espelho por sobrevivência

E essa negligência reflete simulacros

Tirados de si mesmo para erigir

Uma estátua enorme e monstruosa

Que ganhará vida e nos engolirá

Com nosso próprio medo e fome.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 23/09/2018
Reeditado em 23/09/2018
Código do texto: T6457072
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