Na fria soledade
Assombra-me lôbrega à idéia,
de um dia tristonho lá indo...
Serena, minh'alma, deixando à matéria,
e aos montes sagrados subindo.
E quando no peito o círio da vida,
acendo, lá vendo, longínquo horizonte...
Descubro que até à partida,
viver é o que devo a cada instante.
Sentir, taumatúrgica e branda, afagar-me,
à mão delicada do amor.
E no abismo, em mim, lá tirar-me,
medonho, o verme, da angústia e da dor.
Numa noite em meu peito à saudade,
vibrando ouvir entoar...
Tua lira na fria soledade,
e na quietude de um astro a cintilar.