Na fria soledade

Assombra-me lôbrega à idéia,

de um dia tristonho lá indo...

Serena, minh'alma, deixando à matéria,

e aos montes sagrados subindo.

E quando no peito o círio da vida,

acendo, lá vendo, longínquo horizonte...

Descubro que até à partida,

viver é o que devo a cada instante.

Sentir, taumatúrgica e branda, afagar-me,

à mão delicada do amor.

E no abismo, em mim, lá tirar-me,

medonho, o verme, da angústia e da dor.

Numa noite em meu peito à saudade,

vibrando ouvir entoar...

Tua lira na fria soledade,

e na quietude de um astro a cintilar.

ThiagoMac
Enviado por ThiagoMac em 13/09/2018
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