RAINHA DAS ÁGUAS
Vive rindo na beira do rio
Com braços abertos dançando com os ombros;
Os olhos dourados que exala o interno;
A voz dum trovão, mas, manso e me acalma,
E eu choro com riso
E o desentendimento alimenta minh’alma.
Vá- Entender é limitado, eu já li por aí.
Quando canta celebra os deuses
Saúda o sol. A água. Abre a gira.
Abre meu peito e me arranca de lá.
Eu tenho medo do canto da Fêmea.
Dentro das águas clamando meu nome,
Batucando com os dedos nas pedras,
Agitando o vento com o cabelo
E me prendendo a vista no seu busto livre.
Iara!
Dou-te um nome e temo por ele.
Lembro das histórias contadas na infância
Iara encanta pra depois matar.
Eu dentro d’água.
Não temo teu nome. Teu busto de fora.
E vou-me embora levada por ti.
E viva volto para beira do rio.
Mas, não lembro da face. O busto de fora. O gosto.
Meu corpo cansado que dança e saúda a rainha das águas:
Resseco dos teus prazeres.
Aparece, Fêmea.
Abraça-me com teu riso. Nos teus braços. Nos teus seios.