RAINHA DAS ÁGUAS

Vive rindo na beira do rio

Com braços abertos dançando com os ombros;

Os olhos dourados que exala o interno;

A voz dum trovão, mas, manso e me acalma,

E eu choro com riso

E o desentendimento alimenta minh’alma.

Vá- Entender é limitado, eu já li por aí.

Quando canta celebra os deuses

Saúda o sol. A água. Abre a gira.

Abre meu peito e me arranca de lá.

Eu tenho medo do canto da Fêmea.

Dentro das águas clamando meu nome,

Batucando com os dedos nas pedras,

Agitando o vento com o cabelo

E me prendendo a vista no seu busto livre.

Iara!

Dou-te um nome e temo por ele.

Lembro das histórias contadas na infância

Iara encanta pra depois matar.

Eu dentro d’água.

Não temo teu nome. Teu busto de fora.

E vou-me embora levada por ti.

E viva volto para beira do rio.

Mas, não lembro da face. O busto de fora. O gosto.

Meu corpo cansado que dança e saúda a rainha das águas:

Resseco dos teus prazeres.

Aparece, Fêmea.

Abraça-me com teu riso. Nos teus braços. Nos teus seios.

aeros
Enviado por aeros em 13/09/2018
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