QUANDO VIRO DEUS DE DEUS

Amo brincar com as palavras,

arrancando delas sua alma, seus segredos, sua vida.

Amo surpreender meus leitores com esses escritos,

derrubando suas armaduras, flagrando suas trincheiras,

deixando-os na minha mão, cativos até onde bem quiser.

Quando escrevo viro Deus de Deus

criatura amorfa que se salamandra no que bem quiser.

Quando dedilho essas letras me leonino e ninguém consegue

deter meus saltos ao infinito. Ninguém mesmo.

É gozo solitário, absoluto, impagável, inimitável.

Podem apagar meus olhos, enferrujar meus ouvidos,

dilacerar meu paladar, aleijar meus movimentos,

decapitar meus sentidos, coalhar meus cheiros,

o que bem entender.

Mas não usurpem de mim o direito dessa lúdica

dádiva, à qual humildemente me submeto com

total devoção e apaixonada obediência.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/09/2018
Código do texto: T6443596
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