PORQUÊS FUGIDOS
Os caminhos do coração não têm métrica, não tem dono, não tem lógica.
Por vezes têm asas divinas, abençoando o chão pisado com furor de guerreiro.
Por vezes são farpados, dizimando as pétalas dos sonhos, todos eles.
Por vezes se fazem invisíveis, fazendo vigorar seus goles sem nos darmos conta que lá estão.
Nos caminhos do coração por vezes nos defrontamos com certos fantasmas bizarros.
Criaturas avessas que dissipam os quatro cantos da nossa razão,
levando ao limbo o que temos de mais vivo.
Nessas diabruras plenas, permitimos voar as vísceras dos nossos medos,
das nossas aflições, dos nossos vãos quebrados.
Então sai de dentro o néctar da nossa alma.
Anjos aflitos buscando tecos de luz, migalhas de ar.
Daí percebemos que somos atalhos de nós mesmos,
vertendo certezas embriagadas nas querelas atônitas da fé.
Respaldamos, então, o que mais desejamos,
o que mais desmamamos,
o que mais refletimos de nós mesmos.
Com a tênue esperança de que acertamos o passo,
de que encontramos porquês fugidos,
de que tem algum sentido vagarmos por essas bandas.