MANHÃS

todas as manhãs

acalento sonhos

e reprimo entre a pele e a carne

uma agudíssima dor

todas as manhãs

tenho as mãos ásperas e dormentes

de tanto cavar futuros

e desenterrar esperanças

roubadas de mim desde a infância

todas as manhãs

junto ao nascente dia

ouço as vozes do passado

âncoras dos navios

de minha memória europeia

a me conduzir pelos caminhos

da fé, da virtude e do bem querer

e creio, creio muito

que meus sonhos

protegidos pelo lençol do tempo

ao se abrirem um a um

no varal da existência

ajudam a escoar minhas lágrimas

fertilizando a terra

onde lindas sementes resistem

e hão de reamannhecer

esperanças em mim.

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 30/08/2018
Código do texto: T6434766
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