Carta ao amigo (parte um)

E você, amigo, onde andas, heim?

A cada espasmo de ansiedade,

a cada anseio de morte

leio suas palavras e elas me são um colo...

até quando, meu Deus, essa roda gigante

essa gangorra?

Vejo-me indo do céu ao inferno em segundos

para depois aí ficar longos minutos

e, de novo, ao céu retornar já com passagem de volta.

Só em suas palavras, amigo,

e nos sonhos

tenho encontrado abrigo e calma para não morrer.

Tão frágil meu coração

E foi assim que me dei

E assim me deitei

na rede da desilusão.

Melhor que não fosse nem deixasse de ser

Quê quero eu aqui?

Não sei e talvez o nunca responda melhor por mim.

Dói, a verdade é essa

a carência dói

Pois por mais cercada eu esteja de seres,

nenhuma dessas criaturas me completa.

E meu vazio dói

Mais que de fome,

dói de desespero

de viver para sempre

e não encontrar nunca o termo

dessa maçante agonia

ou desse dia.