Adeus
Sou de tempos atrás
feito adulto no campo
carpeio teu sono
negro de tanto caminhar
amigo caminhante
feito um andarilho
inteligente na alma
longe da gente
um velho costume
tomar água na mão
refrescar as idéias
descansar sob a sombra da árvore grande
saindo ao anoitecer
cantarolando uma canção desconhecida
inventada
para alegrar pensamentos
deixar para chorar depois
triste no olhar
feio na aparência
alegre no corpo
bonito na mente
sem lembrar o passado
vivendo o momento
não pensar em nada
ignorar o sorriso do outro
falando com os olhos
comendo com a voz
chamando mamãe
como uma criança com medo
dizendo adeus
falando sozinho
caminho vulgar
sob nuvens escuras
rugido de morte
no escuro não vê
pede socorro
à virgem Maria
sentado numa pedra
sem pressa
ver chegar
no altar
todos santos olham-no
acanhado, mantém-se cabisbaixo
à rainha da igreja
pede o perdão
parecendo filho de Deus
humilde e soberbo
faz o sinal da cruz
desce as escadas do sacrifício
tempo obscuro
como o que trás
um filho
com medo de nascer.