REFLEXO
Já me perguntei inúmeras vezes
quem sou, a quê vim, por que estou?
questões que me doem, afligem e martirizam meu eu, desconhecido de mim mesma
talvez eu seja aquela angústia
materializada em ser humano
um canto de paisagem
uma cena de passagem
um fogo-fátuo, um som,
uma miragem
ou, quem sabe, um colibri
em busca da flor da existência
ou ainda, eu seja
como a sorte: uns a têm
e outros a repelem completamente
me vejo como a um reflexo
de algo nebuloso, sem contorno
um desejo de saber, ou de sorrir
mas só realizado em minha mente
sei lá quem sou, sei lá!
a vida não me mostra claramente
se sou o que eu quis, e a quê vim
só sei que vivo inquieta, sempre atenta
ao meu ser mais delicado, mais sutil
que se resume a ser uma poeta.