SEREIA SENIL


Pertence aos porões dum século defunto 
Como o silêncio no fundo do oceano. 

Quem lhe trará as boas novas? Que anjos?

Não sabe de tramas ou conspirações 
— estrelas do engodo, destino frustrado 
Em cada soluço asfixiando seu canto 
Feito ilha que se despedisse do dia.

A luz não fere a superfície impassível, 
Tanto azul desperdiçado nas esperas 
Por missivas de seu rei menos o reino...

Pertence às carcaças de naus de naufrágios
Sem glamour nem crônica, um prêmio perdido 
Em templos cor de coral, cor de marfim.

Há no entanto um proverbial sentido em tudo
Quanto sonha nessa noite imprevisível 
E a lágrima é tímida e diluída em correntes
Dementes e a luz não constrangerá as ondas.

A música das profundezas é louca.


Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 09/07/2018
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T6385456
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