A hora do luto
Dia nublado
Frio aconchego
Noite sem dormir
Hora marcada
Respeito pelo morto
Mãos cruzadas no peito
Terno preto só para o momento
Os papéis estavam no banco
Palavras em grupos
Homens de túnica e chapéu
Mulheres de véus
Vestes escuras como a noite
Caminhando lentos sob neve
Gelo no ar
Vapores de bocas
Hora da chegada
Saindo em duplas
Mulheres com mulheres
Homens com homens
Palavras baixas de sono
Caminhando pela alameda
Corredores de árvores
Folhas úmidas caindo
Choro não se via
Luvas pretas nas mãos
O terço tirado lá no fundo
Vozes tristes respondiam
A reza triste no ar
Chegando na lápide
Granito escuro como a dor
Lembranças lembradas
Pétalas jogadas
O padre rezou a última oração
Fez prece aos presentes
Pediu perdão aos pecados
Desejou paz no céu ao espírito
Lágrimas frias caíram
A viúva amparada por beatas
Lágrimas que não molham
Os lenços de linho branco
Dia frio e nublado
Quase noite de dia
Sem o barulho das máquinas
As fábricas ficaram de luto