Meu Eu...

Sou uma Sombra! Venho de outras eras,”
já dizia Augusto dos Anjos— quimeras?...
Ei-las todas em mim — pólipos— nas reentrâncias
do corpo e da alma através do tempo.
Só agora sei, porque só agora contemplo
o meu “eu poético”, minhas substâncias...
 
A Simbiose das coisas me equilibra”,
também disse o poeta, e meu ser vibra
ao saber que preciso desse universo
 e que é do “caos telúrico” que procedo,
— mas eis que isso não é segredo—
porém, é de mim que nasce esse verso...
 
E “eu sinto a dor de todas essas vidas”...
Oh! Poeta...  — adivinhastes — quão suicidas
são tuas palavras que eu até me perco,
mas “continua o martírio das criaturas:”
nas vielas de minhas poesias mais escuras...
E meu “eu” — alma anônima — fecha o cerco...
 
 
 
( Por Sônia de Fátima Machado Silva com grifos do imortal augusto dos Anjos)
(Imagem: eu  )