Psicanálise dos tempos modernos
Psicanálise dos tempos modernos
Sinto a brisa fina exangue do eclipse do dia
em detalhes
e micros erupções.
Arco-íris a espancar
a terra cáustica
em cores verdejantes
a mostrar que há tempo,
ainda
que o tempo não progrida.
_A pátria é minha meu amigo. Sou um caçador interestelar,
eis aqui a incógnita do universo.
Brinco as vezes no tormento dos sonhos
com meu cachorro vassalo,
e ele sabe como devorar presidentes.
Quando ágil estou, estonteante,
eu paro um pouco e cheiro meu cálice cheio de veneno
e alimento a terra,
e distribuo searas de sangue aos pernilongos.
Faço parte desse pó ácido
desse povo pálido impávido.
Me acordo com desejos superlativos de incendiar ônibus,
de apedrejar bancos,
de cuspir na cara do meu inimigo.
Todavia debruço ao espelho
e vejo ele a me olhar todos os dias e dizer pra mim_,
Você é o culpado!
foi você quem escolheu Barrabás,
foi você quem crucificou Tiradentes,
foi você quem si vendeu para os Portugueses,
foi você que entregou Zumbi dos palmares,
foi você que renegou Antônio Conselheiro.
Você não merece a espada do rei,
não merece ler a carta abolicionista
das nações unidas
e achar que os baianos são felizes.
Quer ser poeta agora para agradar aos deuses,
para brincar com os demônios,
para ridicularizar a porra da vida com essa lamúria,
com essa crônica cotidiana mordaz.
_Apenas a fresta,
a porta
nunca aberta durante esses doze mil anos,
cem por cento pensamento nebuloso.
Atenas se aqui fosse
mas nunca
nunca
será
mas nunca
nunca terá
um Sócrates
a democratizar a raça.
O capitalismo é a flor da simpatia moderna.
Apenas roubos, crimes, contos, fábulas e lendas
nesse folclore assombrado.
Essa amálgama de concepções heterogêneas.
Alucinações de Hades a nos guiar
pelas veredas do asfalto
e da federação nacional.
Apenas o fogo e o ódio
e a chaga
e a chama na pele
dos cordeiros mequetrefes.
A disciplina aflita dos novos tempos
deixa no ar
a psicanálise
do suicídio absoluto,
pois é irresoluto
a luta travada
contra o sistema.
aBel gOnçalves