Adorno do rio

Você que fica do outro lado/

Da margem do igarapé/

Lidando com mururé/

Despescando o matapi/

Caçando entre o sol e a chuva que assola/

Remando solitariamente calado/

Enquanto a Iara ri/

Enquanto o boto se mistura/

Enquanto os pássaros do alto da mangueira/

Fazem versos apaixonados/

Para que a brisa ritmada/

Valse as palmeiras na estrada./

Sem saber qual é a palavra/

Que os mantem nessa mata cobiçada/

Mas que a gente/

Para sua importância/

Ainda nem se atem/

Tem que abrir os olhos/

Porque estão vindos da cidade/

No viéis do progresso/

Implantar na vida tranquila/

A selva de pedra/

O caos do concreto/

Que você não merece/