Manuela carvalho

Que linda menina/

Ao se expor nua/

Depois da cortina/

Na noite escura/

Parecia o sol sem lua/

Entre a valsa das mesas/

E sedentos senhores/

Que esganiçam a sua candura/

Em verbos e horrores/

Sem escandalizar foi sensual/

Na pior das maldades/

Em plena cidade/

Única das verdades/

Era o desejo dos abutres/

O luxo dos corvos/

Envolto nos amores de lobos/

Na ilha das horas/

Ternamente amoral/

Pra não ser anormal/

Taciturna beleza.../

Expoente da natureza humana/

Fez mexer a libido alheia/

Dos instintos

Selvagens/

Da dama companheira/

Nos olhares se percebia/

Que queriam, querendo a moça na cama/

Por qualquer real/

Sem fazer cerimonia/

Sendo passional/

Aos gritos de euforia na plateia/

A ideia no escuro/

Dos muros eram segredos de animais /

Embora tenha menestréis/

Eis que no palco/

Sob meia luz/

Em seu casulo exótico/

Aquela flor/

Emergente do medo/

Produto do enredo/

Da selva de pedras/

Dos capitães/

Que tão cruel/

Mata seus filhos/

Ao mel/

De um vendedor/

De qualquer praça/

Fica sem graça/

Quando descobre/

Que na alma da noite, que está em seu final/

A tristeza é a sua guarida/

Desde dos tempos de quintal/