falatório sobre a arte

A arte é da natureza da dor ou da liberdade? Já fiz coisas bonitas quase morto na resistência e também, voando sobre a terra, já experimentei a beleza.

O sol é para todos, fato, a vida é de todos, somos a consciência que tudo dá, que tudo é, da qual, tudo é manifestação. Tentar criar ou descobrir um fio de coerência e inteligência é difícil, talvez não exista essa linha que segue as pessoas de bom senso, os homens maduros. Quem sabe a arte é só um dizer, e até os amortecidos pela dor tem o direito de falar de suas desgraças, e o vivo de pernas longas tem também o direito de nos retratar sua perspectiva luminosa.

No fundo é disso que se trata, da vida, da sua extensão desmensurada que todos habitam e todos podem desenvolver a percepção de saber do que é, não do que se trata, não de algum destino secreto que buscamos participar, falo do que é, do instantâneo de cada um, do pulso que experimentamos em momento de presença. Não creio que presença seja a felicidade (talvez seja o caminho de retorno), é você mesmo no corpo concreto da experiencia desprovida de tempo. A arte vem do corpo, do corpo martelado, fraldado, consumido, brutalizado, do corpo que se dá como palco, mas também do ser jubiloso e pleno. Daí que não se faz arte sem generosidade, isso é da vida, inclusive a parte da vida que se deixa ser lama, ser buraco, ser breu e secura, desgraça e abandono, sem amor, ou verdade, mas mesmo assim: vida forjada no ser. A arte é um dizer, um dizer do que é, a arte é a autentica experiência trasladada para um objeto inventado. Não se trata da beleza, mas da sinceridade. A arte começa na matéria do próprio artista. O artista é antes de tudo um materialista. Eu disse antes de tudo,