AMOR
(Sócrates Di Lima)
Dorme em sono profundo,
o meu amor....
Num leito de sonho fecundo,
Silencia a dor.
E no silêncio de sua boca,
Não há nem mesmo um sussurro,
na noite lúgrube e tosca,
Relâmpagos rompem o escuro.
Mas não me amedronta...
Porque este corpo não existe,
Simbolicamente dorme na ponta,
de um sonho negro que persiste.
Dorme então este amor humano,
Que o tempo fez-se calar,
Um momento quase insano,
Fez depois, a solidão chegar.
E como um ritual antigo...
O amor se deita em sono...
A espera de um milagre ou castigo,
Perde-se o amor e o seu dono.
Tal qual a bela adormecida...
Sob a névoa de uma fumaça leve...
Relampagos em alma insandecida,
A magia da solidão me serve.
E assim,
em meio a uma noite sem a Lua a iluminar,
O amor se calou nela e em mim,
Para talvez ressurgir quando o amor acordar.