Negra
Que a qualquer hora do dia/
Sem onda e nem tranças/
Nem franquias/
Se põe a caminhar/
Na vaga inocência/
De sua maviosa beleza/
Que expõe sem ser vulgar/
Os seus tão perfeitos tracejos/
Cujo cheiro perfume esvoaça no ar/
Sem nenhuma palavra/
Arrebatando do anonimato do mundo/
A voz calada/
Que exalta e deseja sem poder tocar/
Essa mulher/
Arranca da essência da alma o olhar/
Arrastando no colo os instintos de prazer pra lá e para cá/
Fazendo as flores de inveja negar/
Se é noite/
Deixa a lua insensata/
Procurando o espelho d’ água/
Para não se sentir vulgar/
Em principio do nada se faz arte/
Poesia puramente indescritível/
Sonho real que faz sonhar/
Sob anseios nus/
Descritos no colo dos seus imaculados seios/
Na raiz da boca que destila malicia