O NOME DO HOMEM
não era palhaço coisa nenhuma
trazia na lapela um cravo de defunto
mas, às vezes, fazia rir
muito magro, pernas de verruma,
a cabeça pequena, os olhos juntos
e a pele ainda por colorir
também não era sacerdote,
visto que proferia insultos
quando dele zombavam
alto, faltava-lhe pano no capote,
tão justo e gasto depois de tantos lutos
que também botões faltavam
duvido fosse proxeneta, cafetão
não me parecia dado ao bas-fond
nem tinha dentes de ouro
apenas olhos de esmeraldas aguadas
ampliados quando usa o lorgnon
sobre os cílios louros
talvez fosse qualquer coisa aposentado
quiçá o espectro de outros dias
reencarnado
leve como o dente-de-leão assoprado
grave com o meio-dia
nublado