Sereia

Ouço a sirena chamar-me ao oceano

e me entorpece seu canto em minha mente;

num canto dela eu me afundo com vagar.

E quem sucumbe sou eu: um ser humano

que, em tempos idos, vivi tão plenamente

até pensar-me capaz de flutuar...

Mas não flutuo... e atinjo logo o fundo;

esqueço o mundo - e tudo o que já fiz,

pra me tornar – em meu fim – um prisioneiro.

Antes, porém, talvez tenha algum segundo

do mais profundo sentir; e em lucidez

eu queira ouvir a sirena uma outra vez...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 23/10/2005
Código do texto: T62540