Sereia
Ouço a sirena chamar-me ao oceano
e me entorpece seu canto em minha mente;
num canto dela eu me afundo com vagar.
E quem sucumbe sou eu: um ser humano
que, em tempos idos, vivi tão plenamente
até pensar-me capaz de flutuar...
Mas não flutuo... e atinjo logo o fundo;
esqueço o mundo - e tudo o que já fiz,
pra me tornar – em meu fim – um prisioneiro.
Antes, porém, talvez tenha algum segundo
do mais profundo sentir; e em lucidez
eu queira ouvir a sirena uma outra vez...