PENDURICALHOS DA ALMA
Trago no bojo da minha alma muitos penduricalhos,
são peças dispersas dos sonhos que tive e não tive
são restos mortais das tropeçadas tantas,
Trago no bojo da minha alma as tarefas cumpridas,
os medos devassados, as falas ditas na hora indevida.
Trago no bojo da minha alma a fé sem untar nem refogar,
a saudade das coisas que nem toquei ainda,
as verdades que chamei pra dançar e ouvi uma recusa.
Trago no bojo da minha alma os filetes de paixão que
mal vieram à tona,
as faces sombreadas do que entendia como correto,
a lama ainda imberbe de toda minha solidão.
Trago no bojo da minha alma o cheiro que escapuliu
do meu coração andarilho,
a vontade de escalar as imensas montanhas da realização,
o gozo tão inocente dos meus gritos de vitória.
Trago no bojo da minha alma cada instante que fiz ressuscitar,
cada quinhão de bondade que fiz sorrir,
cada muro apressado que fiz existir.
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