o mundo que era já não é

O céu se distancia

das palavras, a terra geme

Na noite do desejo, como

Sabemos de tanto e de tão

Pouco? já não reconheço a

vida que nasci,

teu rosto

É fogo na memória, onde

Pusemos os lembretes, os bilhetes?

são tantos caminhos e mal consigo

andar por entre os homens,

(ainda que esses homens

sejam crianças entorpecidas)

Um mundo lembrado se desfaz

Diante do caos, embaixo do silêncio

O dente que morde o tempo, que

Estraçalha a árvore de luz que quer

Crescer,

A raiva do passado, o medo futuro,

A tristeza de tanta coisa morta,

(tanta coisa morta)

e tantos amores (minha raiz que

me segurava)que está por partir,

inclusive

Teu riso que outrora me esquentava o

coração, não está.

dói saber que tudo é nada

ao longo do tempo.

Plantamos na mesma laje a semente

Da esperança, laje de vidro e areia,

Nada cresce sem o alimento da alma,

Demos tantas voltas e soletramos as mesmas

Palavras, e depois, o tédio não é um sentimento,

É um lugar de repetição, da vida encaixotada,

É lugar deserto, sem flores ou seiva, prepararia

O teu café, o pão que te ergueria pra enfrentar

O dia, te daria meus ouvidos para que

Derramasses tua dor exasperada, te chamaria

De meu amor, mas o mundo que era, já

não é,