PERSONA

sinto a dor do assassino

seu terror diante do sangue que brota

seu medo, sua angústia e seu desespero:

peças sublimes do meu agasalho

ouso sentir o intervalo da sua respiração

seu suor é em mim que corre a céu aberto

o apito louco e urgente de seus pulmões

sentencia em mim algum tipo de canção

ser seu irmão, ser sua luva, sua testemunha

sinto o inferno a lhe balbuciar qualquer senha

sinto sua mão e ela apodreceu há uma semana

sou sua máscara, seus cais e nenhum barco

sou seu breve horizonte

a mão trêmula a badalar o último sino

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 09/01/2018
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