PERSONA
sinto a dor do assassino
seu terror diante do sangue que brota
seu medo, sua angústia e seu desespero:
peças sublimes do meu agasalho
ouso sentir o intervalo da sua respiração
seu suor é em mim que corre a céu aberto
o apito louco e urgente de seus pulmões
sentencia em mim algum tipo de canção
ser seu irmão, ser sua luva, sua testemunha
sinto o inferno a lhe balbuciar qualquer senha
sinto sua mão e ela apodreceu há uma semana
sou sua máscara, seus cais e nenhum barco
sou seu breve horizonte
a mão trêmula a badalar o último sino