AOS MEUS UMBIGOS AINDA POR NASCER
De turbilhão em turbilhão
vou cerzindo meus passos
por vezes afoitos,
por vezes fatigados,
por vezes extasiados.
Tem horas em que perco o fio,
tem horas em que estraçalho com Deus,
tem horas em que viro grão
e nada mais.
Nestes turbilhões íngremes,
por vezes prenhos,
solto lampejos ingratos,
refugos esperados,
certezas escassas.
Como fada alucinada
arranco do chão o que vi,
o que engasguei,
o que possuí.
Desminto medos, desarmo lamentos,
descurto o que pouco encantei.
Vou então menos cadente,
menos menino,
mais palhaço.
atrás daquilo que deixei fugir,
em farras adocicadas que já nem lembro mais.
Vou de volta às minhas amarras,
como faroleiro capenga que não ama mais,
nem inflama mais.
Me viro às farofas que carrego sem dó,
aterrando cada voz rugida, cada retalho aflito,
cada veia ainda por atrelar,
anda por amanhecer.
Neste turbilhão volto a ser o que sou,
tudo o que sou,
tão afiado como as pétalas do querer-bem,
tão rendido como as intempéries do feitor,
tão absorto quanto meus umbigos ainda por nascer.
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