NUMA MANHÃ CHUVOSA
Numa manhã chuvosa
acordo de olhos dormentes
nenhuma luz luminosa
nem pássaros contentes.
O sol se esconde dormente
e nuvens negras no céu
derramam u´a chuva fluente
como uma amenta em fel.
Quis eu cantar, mas não pude,
pelo meu fado cruel,
pelo sonho que me ilude
sob aquele dossel.
Acreditei na doçura
como fosse um pote de mel
mas foi um mel de loucura,
porém no fim um troféu.
O rio arrasta a minha flor
com sua força e pujança,
mas mais forte é o amor,
para nos dar esperança.
E esperança eu tenho
mesmo em tempo de chuva,
pois esse meu desempenho
dá com um tapa de luva.
Olho para a tempestade
mas vejo o seu dominador,
que traz justiça e verdade
mesmo que nos cause dor.
Embora a manhã tão escura
que faz-me continuar a noite
numa mensagem obscura
faz-me sentir seu açoite.
Dure a noite o que tiver que durar,
mas quando chegar o alvor
que brilhe a luz mais solar
tanto quanto brilha o amor.
E no brilho de uma manhã
possa ele lembrar o teu sorriso
e a luz seja a cortezã
do teu corpo que eu preciso.
Me dei em palavras e versos
alheio ao tempo e espaço
perfurei muitos universos
só para te dar um abraço.
Voltei! Já é noite e chove,
pouco vi do sol, a claridade,
mas que seu calor não me reprove,
por minha incredulidade.
Só quero o fulgor deste dia
na orla da praia, o vento, a areia,
e dar uma grande alegria
para a minha linda sereia.
(YEHORAM HABIBI)