Eu me espanto

Eu me espanto

Com a saudade sem aviso,

No sorriso alheio,

Que traz devaneios

De um tempo que se foi.

Eu me espanto

Com os homens bons

A encher a Terra,

Com os dons da lida fraterna.

Eu me espanto

Com a maldade,

Espalhada, atroz,

Surda à voz dos homens de bem.

Eu me espanto

Toda vez que vejo

A história do Menino,

Que com seu lampejo

Reconstrói destinos.

Eu me espanto

Quando não me espanto,

Com a rotina de um mundo,

Que o mal dissemina.

Ó, Senhor, fazei sempre de mim

Um filho que se espanta...