Plástico
Amor, vai-te com a onda suja do vazio
que lave e que leve seu corpo agora
que de leve e áspero flutua sozinho
num oceano frívolo de gente até a borda.
Por que pensas que é mais importante?
Que a alegria está nas rodas de gente?
se te agrada e nem sempre é o bastante;
se longe de um, sente-se sozinho sempre.
De enfeite, sentado, parece que é
uma porcaria de boneco de plástico
que nada sente, é sem coragem, sem fé
no que sente quando ama, o cáustico
No fogo que é sentir o que sente,
a paixão, o ódio, a saudade, o medo.
Esquece e destrói covardemente
teu coração frio de brinquedo.
Ou destrói e esquece essa sua imundície
que bate em falso, brinquedo imundo!
Destrói e esquece essa sua mesquice
que te esquece e destrói a cada segundo.
Ou joga fora teus olhos de vidro furreca
brinquedo que nada vê, total futilidade!
Te bota pra fora dessa casa de boneca
que te deixa pra fora do que é realidade
E cresça! Quando for homem de verdade.
Porque humano é sentir frio e calor,
ser a mudança em eterna continuidade
é derreter-se inteiro no que sente. Amor.