Valéria
Já faz tempo, que tento entender/
Mulheres como você/
Mas quando procuro a razão pra suas ações, sem julgar/
Deparo-me com a realidade das Marias/
Que sobem e descem os morros maltrapilhas/
Entram e saem das palafitas com trouxas de roupas/
Pra sustentar uma penca de filhos/
Que, às vezes, são irmãos de mãe e os pais são uns e outros/
Lutam noite e dia, sob sol e chuva/
Caminham sem pão ou café, no trem que vai e volta/
Vendem caro, a força de sua juventude e a sua formosura na periferia/
Mas não se vendem por qualquer quantia/
Vivem num barraco, comem o suficiente pra sobreviver o dia/
Escondem a vaidade e sonham com um novo amanhecer/
Para as suas crias/
Mas nunca, o amargo do sofrer, suplanta a solidariedade/
Mas você, quando olha o mundo/
Quer ser celebridade/
Talvez, não por maldade/
Talvez por desconhecer, que a vida começa/
Quando a gente entende, que mais do que ter/
Que mais do que querer ser/
Numa ambição excessiva/
Deve na verdade fazer/
Deve se tornar o amor/
Pois na vida, a felicidade/
Só existe com a riqueza da simplicidade/
Caso contrário, você passa a ser escravo/
E vive de segundos a segundos, na ansiedade de uma angustia/
Que para todo o sempre te faz perder as forças/
Deprimir-se, maldizer o mundo até morrer/