Antiga Canção
Como você ando pelas ruas/
Vejo o que todo mundo vê/
Mas me sinto solitariamente aleijado/
Omissamente culpado/
É gente violentando, é gente violentado/
É miserável matando, miserável por nada/
E os reis, ainda existindo através dos tempos/
Conservando aquela ideia de ter e proteger, para herdeiros o seu reinado/
Escravizando os escravizados/
Quanta dor dos discriminados/
Quanto mal é empregado/
E a lei das corporações e do Estado sobrevém aos iletrados/
Como a Democracia de uma dinastia absurdamente sistematizada/
Mas nessa ordem não sou interessado/
Porque é tanta indiferença com desigualdade/
Tanta corrupção com os desrespeitados/
Que as marcas sobre põe as outras, nos shoppings das cidades/
E a moda, o verso nocivo da fogueira, inocentemente, nos faz dançar/
É o perfume pra quem pode pagar/
E água de colônia pra quem foi ensinado a imaginar/
A fome e a pobreza, plantação para se cultivar/
É a escola usada para controlar/
É o sistema, que não pára de nos usar/
E todos, em sua maioria, só falam a língua dos olhos/
E muitos usam drogas pra serem filósofos de bar/
Muitos se acham senhores da verdade/
Mas o caminho pra se enxergar, é bem estreito/
E o juízo está fora do lugar/
Enquanto mortais se sentem celebridades estelar/
Pelas horas, que pagam/
Enquanto falam e usam o sexo como amor, mas não passam de vulgar/
Não sei a quem ou o que ensinar/
Porque nem sei do que falar/
Mas gostaria que a minha voz fosse à luz de uma criança/
Não pra ser dono do mundo, porque esse lugar pertence aquele que não tem alma/
Mas para o essencial ao coração contagiar/
Como uma antiga canção de ninar/
Cantada pela genitora dos nossos pais/
Que antes, que tudo se perca, que tudo desapareça/
Vale lembrar, que essa vida/
Mais do que todos pensam, foi feita só pra se amar/
Ame ao seu próximo como a si mesmo/
Assim não precisaremos só sonhar com o paraíso/