Conta-me meus segredos
Ah, coração empedrado,
Dilui esta substância de que és feito
E revela-me por quem, por que espero esta noite;
Conta-me meus segredos,
Que benção oculta pretendo aspergir no mundo,
Que libertária ideologia germina no meu peito...
Ah, coração empedrado,
Tem confiança, sou teu amigo.
Quais esses músicos ao avesso,
Amantes da música sem saber tocar e nem cantar,
Desfaz de mim
Essa cobertura impermeável,
Pois sei que existe – e preciso – água fresca
Correndo embaixo deste solo pedregoso.
(Brasília, DF, 1984)