pernas tortas de um tempo sem jeito

A rua lá fora e o tempo

Aqui dentro, fazendo da

Passagem tédio e gilete, o corpo

Gira como pode e as palavras

Tão úteis na juventude, desconhecem

O que se passa no fundo do rio: mas

Longe, ouço os gritos das crianças,

O vento brotando na tarde, a clareza

divina que pousa pela janela, o golpe

de areia que salta sobre a cidade, ouço

O desfile dos acontecimentos, que

bailam na memória, ou melhor,

que perfura fundo as coisas:pernas

Tortas de um tempo sem jeito, o espasmo

Que guarda o estojo de tragédias,

Corro os olhos pela casa, vozes

De moças cremosas é minha melhor

Assombração, vastas de si mesmas,

são luzes que latejam na imaginação,

que delicia é essa

vida que não se emenda!