Inexpremível.
Rio, 21.11.17.
Inexpremível.
Os meus versos não são
Mais como eram antes,
Tornaram-se distantes do
Meu intento inicial.
Foram assumindo um tom
Cada vez mais dissonante,
Perdendo em cada rima
A ingenuidade original.
Eu não sei quando foram
Se dissimulando, acho
Que foi a aspereza da vida afinal,
Me desencantando e
Desempolgando, até eu
Me tornar esse poeta trivial.
E hoje nada tenho aqui
Que me valha de mensagem,
Acho mesmo uma bobagem
Eu continuar a escrever.
A existência é de fato uma passagem,
Aposento aqui a pena da
Escrita , permito que o silêncio
Me venha interceder...
Um poeta que só escreve
É metade (por mais absurdo
Que isso possa parecer).
A poesia consiste, em
verdade, na arte
inexpremível de viver .