Estações

Tarde de agosto, setembro chegava
Rompendo flores, pássaros saltavam
De galho em galho, entre as folhas
Cantavam e ao por do sol repousavam.

Vento anunciava o verão, outubro
Aproximava e deixava flores mortas
Em mim.

Na madrugada minha mãe
Fazia o café, eu acordava, abria a porta
E olhava o voo das gaças na restinga.

De repente era novembro, meu pai
Montava pinheiro para o Natal
Cujos enfeites de chocolate eu ia comer.

O irmão mais novo punha-se a chorar
O berço fixo eu não podia balançar.
Eu o enganava com chupeta da cor grená.

Dezembro vinha com sua face Natalina
Qual menina no alvorecer, eu me sentia
Feliz, doces de figo, mamão e leite dourado
Também eu ia comer.

E minha tia com olhar perdido num canto
Da sala dizia para eu me preparar
Que na Manjedoura dia 25 de dezembro
O Menino Jesus como sempre ia renascer.