CIGANA
Cigana, que escreves
partituras na surdina
roda-samba musical.
Canta sílabas melódicas
compostas por gênios
da tangente matriarcal.
Do teu semblante mudo
noto que escorre lágrimas
de poemas inspirados.
E que, todas às flores
desertas escarsas de amor
tragam-te beijos, e, nutre.
Nutrindo a selvagem
passeata dos infernos
infames, aqui residentes.
Defuma-me as entranhas
carroças apáticas: Me faz
alimento. Comportas o ermo.
Eternizas nomes, e, poemas
maestrados em cartas
alforriadas por Drummond.
Joga-os lacradamente,
em inquebráveis garrafas,
pras senhoras de Oxum.
Batuca com tuas mãos
donzela africana, pontos
ancestrais na roda da Jurema.
Circunda o som do bambu,
lava-me à cabeça com
água purificada do mato.
Disfarça-te na espírita
cigana das festas, e,
me rouba os cortejos d'amor.