Nuvens
Avisto densas nuvens, da janela,
passarem no céu, “prisioneiras”
do vento noroeste...
Nuvem!
O pintor a detém com pinceladas,
o poeta a encanta com seus versos,
o físico a explica
e o meteorologista a interpreta...
E eu?
Eu somente avisto nuvens da janela, indiferente,
e nem me importa seu destino – se seguem
ou deságuam sobre telhados cinzentos...
Só temo a tempestade interior
de idéias, sensações e sentimentos:
Que um raio me parta
se tudo isto é mesmo amor!
Da janela avisto nuvens indiferentes
e alheias ao meu furacão de saudade
que varre sonhos e lembranças
deixando atrás de si um rastro de vazio...
As nuvens passam livres
seguindo o vento noroeste,
mas às vezes param e me vêem...
E choram por mim – prisioneiro!