Cruel Ventania
 
A ventania passou pelo olhar da poetisa
Carregando o alfabeto inteiro pelo ar
Ela, perplexa, naquele triste dia
Nada escreveu, nada conseguiu falar.
 
O vento continuou o seu caminho
Uivando em seu som indescritível
Os lamentos que se ouvia após o vento
Eram de uma dor que enlouquecia.
 
Sem palavras, num mundo estarrecido
O coração mudo da poetisa
Não suportando da multidão o alarido
Entregou ao furacão sua poesia.
 
O monstro foi se abrandando
Entre os escombros as palavras foram brotando
Uma a uma.
 
A poetisa deitou-se entre elas
E dormiu
Pra sempre.
 
Dolores Fender
20/09/2017
Dolores Fender
Enviado por Dolores Fender em 20/09/2017
Reeditado em 20/09/2017
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