Para Celie

 

Alma de menina, corpo de mulher.

De riso frouxo , solta nos campos

Travessa, linda e tão infinita.

De cor negra de um preto pranto.

 

A vida sobra um verde encanto 

Teu canto triste em pleno espanto

Teus olhos negros iluminados 

Alegram a vida entre abusos negros. 

 

O corpo quente assim tomado

Sentiu os toques do servil engano.

Por mãos ousadas em vermelho manto.

Jorrou no espaço um gozo insano,

Rompendo a noite impura.

 

COM OS LÁBIOS ENTREABERTOS

RECEBES A VIDA EM SONHO VAGO

SENDO AGREDIDA COM TAPA AO VENTO

MULHER MENINA COM BRANCO MANTO.

 

RASGOU-SE A INFÂNCIA NA NOITE FRIA

NO DESAMOR VIERAM VIDAS

QUE ENCHERAM OS SEIOS CRESCEU O VENTRE

ABRINDO OS CAMPOS A COLHER AS VINHAS

 

Veio a negra noite esvaziar os dias.

E em negra fúria tomam-lhe o encanto. 

Só que a doce brisa acaricia-lhe as crias

A acordar o tempo e abrandar o destino.