Os deuses
De frente ao pedestal imaginário
em honra de ninguém
eu prostro os meus joelhos, visionário,
em busca de algum bem.
Eu rezo num altar tão mercenário
e espero achar no além
alguém que seja meu depositário
daquilo que não tem.
Mas sinto, sem saber qual o desejo
que nunca formulei
não ser esta distância como vejo
nem ser esta tal lei
A mesma lei que rege o meu desejo,
e quanto eu esperei
e quanto já ouvi; eu que não vejo;
eu que já nem mais sei;
Eu que nem vejo o céu longe de mim
mas que penso da vida
bem mais que algum lugar bom ou ruim;
estrada sem saída!
Se eu creio não haver jamais um fim
também creio na vida
embora ela não seja sempre assim,
razão preconcebida.
Por isso eu bem me prostro nos altares
de minha própria imagem
e esqueço estes tais deuses e lugares,
mas não suas mensagens.
Rebelde como sou, não são vulgares
os dons desta linguagem
pois todos estes deuses milenares
morreram na estiagem,
na seca de meus olhos, que não vêem
somente os rumos meus
mas todos estes seres que já crêem
num Deus além dos seus…
Se Deus existe em mim, outros também
dirão que existe Deus!
E juntos, vão dizer assim: Amém!
Além dos sonhos meus!