Os deuses

De frente ao pedestal imaginário

em honra de ninguém

eu prostro os meus joelhos, visionário,

em busca de algum bem.

Eu rezo num altar tão mercenário

e espero achar no além

alguém que seja meu depositário

daquilo que não tem.

Mas sinto, sem saber qual o desejo

que nunca formulei

não ser esta distância como vejo

nem ser esta tal lei

A mesma lei que rege o meu desejo,

e quanto eu esperei

e quanto já ouvi; eu que não vejo;

eu que já nem mais sei;

Eu que nem vejo o céu longe de mim

mas que penso da vida

bem mais que algum lugar bom ou ruim;

estrada sem saída!

Se eu creio não haver jamais um fim

também creio na vida

embora ela não seja sempre assim,

razão preconcebida.

Por isso eu bem me prostro nos altares

de minha própria imagem

e esqueço estes tais deuses e lugares,

mas não suas mensagens.

Rebelde como sou, não são vulgares

os dons desta linguagem

pois todos estes deuses milenares

morreram na estiagem,

na seca de meus olhos, que não vêem

somente os rumos meus

mas todos estes seres que já crêem

num Deus além dos seus…

Se Deus existe em mim, outros também

dirão que existe Deus!

E juntos, vão dizer assim: Amém!

Além dos sonhos meus!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 19/10/2005
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