O PACTO
As bodas – não aquelas, do Cordeiro –
Foram no Inferno e a noiva era tão feia
Que trouxe lágrimas e engulho à lua cheia.
Quem pode amar o desespero?
O sacerdote arrota as Escrituras
Mal digeridas sobre o par feliz.
As horas rastejantes são servas senis,
Letárgicas e vis, impuras.
Quis ser um fungo em tronco morto – invejo
A sorte dessas coisas sem apelo
– estar bem longe dessa farsa, o pesadelo
Supremo das almas sem pejo.
As bodas lá no Inferno duram tanto
Quanto os remorsos duma vida inteira.
O sacerdote sela o pacto – ah, que besteira!
A lua não contém seu pranto.
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