BASTARDO


O poema ruim veio a ser
E pronto, em parte queda ensaiada,
Filho da vontade,
Em parte acidente, portento
Que harmoniza déficits.

Terá todo o direito a existir –
Existir, aqui 
Significando ser
– ou seja,
Estar aí.

Possibilidade,
Capricho estatístico
No papel que desvairada mão riscou,
Na tela do perfil,
Na página que se imagina.

Saber que é ruim – que não funciona –  
Não o faz melhor,
Não lhe atenua a catástrofe que é,
Rebento da má sorte 
Estrofe a estrofe.

As emoções emergem 
Como erupções
De uma intrínseca desordem
Que configura
A deformidade que lhe é peculiar.

É delicado – frágil, frágil...
– não lhe faltam sentimentos
E as carências de uma coisa
Que não deveria existir
Embora estatisticamente... etc

Pequeno bastardo feioso,
Nem garras você tem!
Que faremos de você, agora?
Um sacrifício
Ao deus do precipício

Ou um troco fácil em show de aberrações?



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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/08/2017
Reeditado em 24/08/2017
Código do texto: T6083063
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