TEIA

TEIA

Escolho ao acaso uma folha branca

Mas que podia ser verde, ou de outra cor.

A intenção é escrever o poema

E que ele saia nítido como esta cor oportuna.

E escrevo, faço intercalações,

Faço a palavra que mais se adequou, distante,

E ponho um risco ligando-a ao nome.

Comecei por chamar saudade

Mas vi que o sentimento era outro,

E o nome obrigado teria

Que não se chamar saudade.

No meio da página a poesia quase enfeite,

Derramo café e espero secarem as idéias.

Ponho um preposto, entre o sentido e o fim,

E pra quem vem lendo de lá,

A alfândega perde o pedágio

E a poesia ganha outro ditame.

O lápis por descontrole pára.

E a poesia silenciou, quando afluíam

As falas, as almas, os encostos.

Aí me deito delgado, de cara pra cima,

E do teto a aranha tece sua nova roupagem,

O acabamento impecável

Que, se lembrasse, usaria na poesia.

Naeno
Enviado por Naeno em 13/08/2007
Código do texto: T605706