___LUA CARTOMANTE_________
(E fechava os olhos, a Lua, em conversa avessa com as cartas...)
 
E pousada - leve -, a carta vermelha.
Pensar que a Lua, entre ela e o destino sobre a mesa
- o intervalo rasgado em sangue -.

Cruzavam-se, ignoradas pelos olhos físicos, sombras na desconstrução dos dedos entretidos - as cartas -.

A Lua - buscando sentir o mundo -,
de olhos tingidos, corvos,
com respiração não humana
- gutural urrou -
Tudo, tudo é vão! Onde nada há...

E os seus olhos se abriram
- sóis em âmbar -
banhados em sangue.

_ É mesma, a vida. - Sussurou-lhe, tranquila,  a voz masculina.

A Lua, diante, e, sem querer, foi pior.

_ À inércia angustiada, um brinde!

E a voz tomou corpo, antes guardada no canto escuro da parede. 

_ E agora, sente alguma coisa? - Firmou a voz no fácil esforço de movimentar a mandíbula
- rasgos  percorridos pelos dentes - 
e no desdobre - as noturnas veias - da Lua!





 
oOoll NOTURNA lloOo
Enviado por oOoll NOTURNA lloOo em 22/06/2017
Reeditado em 22/06/2017
Código do texto: T6034526
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